O que aprendi com 'Carrossel 2 - O Sumiço de Maria Joaquina'
14:42:00
Quem me conhece sabe o quanto eu gosto das histórias infantis do SBT. Aí neste final de semana fui ao cinema assistir "Carrossel 2 - O Sumiço de Maria Joaquina" e, ao sair da sala, diferente de todas as crianças que riam e se divertiam com a história, eu estava mexida com tudo o que vi. Não, não é um filme de fazer chorar e nem nada do tipo, é um filme claramente sobre amizade e o quanto você está disposto a perdoar os piores erros de uma pessoa, e o quanto você pode crescer amargurado por não ter aprendido o básico sobre as relações humanas quando pequeno. Claro que as crianças de 8, 9 anos - inclusive o Pablo, menininho que sentou ao meu lado e fiquei rindo junto - não veem tanto dessa forma, elas estão lá pra se divertir. Mas "Carrossel 2" me fez refletir.
Na trama, Maria Joaquina (Larissa Manoela) é sequestrada e os amiguinhos junto com a professora Helena precisam cumprir várias provas impostas pelos bandido para conseguirem resgatar a garota. Quem assistiu a novela - mesmo que a versão mexicana quando nós éramos crianças - sabe que Maria Joaquina nunca fez nada por ninguém e sempre fez questão de deixar claro o quanto se sentia superior a todo mundo. No filme ela segue a mesmíssima coisa. Uma pessoa que não merecia nada de ninguém, mas a turminha se uniu pra resgatá-la mesmo assim. Com muita implicância, discussões, brincadeiras e até brigas, cada personagem conseguiu mostrar o seu diferencial, aquilo que os torna únicos, mostrando pra todos na sala do cinema que ninguém é melhor que ninguém: todo mundo tem o seu valor.
Quando Maria Joaquina vê o quanto foi má com pessoas que só lhe fizeram bem (e não foi pouco má. Um ano de novela e dois filmes é tempo pra caramba) e pede desculpas, todos aceitam. Todos relevam e todos perdoam tantas ofensas, maldades e comentários desnecessários que a menina teceu durante toda a história. O mais legal de tudo foi mostrar, mais uma vez, o quanto todo mundo é único: mesmo arrependida, Maria Joaquina não mudou drasticamente e virou uma menina boazinha e fofa por reconhecer um erro. Ela continuou sendo ela mesma, aprendeu com o erro e tomou uma postura diferente sobre enxergar o valor dos outros, mas continuou com o mesmo jeito que faz todo mundo gostar dela.
E foi aí que parei pra pensar sobre o filme como um todo e me perguntar: onde vai parar tudo isso quando a gente cresce? A gente cresce acreditando que mudar é sempre o melhor, que amadurecer é sinal de endurecer, mas a verdade é mesmo essa? Pelo menos em alguns dos círculos que eu vivo e de amigos próximos que acompanho, as pessoas exigem demais de você e não se importam em dar o mesmo em troca. Querem, sugam, exigem, mas quando você precisa de um pequeno carinho que seja, elas estão preocupadas demais pensando nelas mesmas para te estenderem a mão.
Fora as pessoas que crescem e ainda gostam de fazer como a Maria Joaquina e diminuir os outros, fazer com que a pessoa se sinta mal, se sinta menor do que realmente é, e que ela tem que aceitar que seu lugar é o de baixo. Tem os que falam sem pensar, como o Jorge, e ofendem até mesmo sem intenção.
Nessa hora eu pensei em como existem pessoas adultas agindo com o pior lado de uma personalidade infantil e que é de essência, porque as pessoas não mudam, elas se transformam. Se transformam pelas suas experiências, pela forma de ver a vida, pelas suas relações, mas a sua essência está alí e vai acompanhá-las até o fim. E então eu percebi que não quero estar por perto de pessoas que me lembram o pior da infância: manipulação, incompreensão, julgamentos, falta de vontade de aprender e lidar com diferenças, não saber perdoar, entre outros. Notei que essas relações só me puxam para trás, e eu preciso de pessoas que me impulsionem para frente.
Um exemplo é o Cristiano. O Cris é uma pessoa que, praticamente desde que a gente se conhece, me ajuda a enxergar o melhor em mim. Me apoia, me aconselha, me faz ver o quanto sou valiosa, o quanto sou capaz e o quão longe eu posso chegar se eu realmente quiser. É uma pessoa que me faz querer ir além, mostrar pra mim mesma que sou capaz de realizar meus sonhos e meus objetivos. E é por pessoas como Cristiano que eu não desisti da humanidade.
Porque também tem os que não ligam para o que os outros pensam e fazem o que querem e o que acham certo, como a Laura e o Jaime. E ainda tem os que não perdem a pureza, são intensos, compreensivos e se entregam em tudo com amor, como o Cirilo e a Carmen, mesmo com toda Maria Joaquina e todo Jorge tentando puxar para trás.
"Carrossel 2", pra mim, foi além das risadas e da bagunça da galera. Foi a união, a amizade, o aprendizado que devemos levar em nossas vidas o que aprendemos de bom em nossa infância: o perdão, o amor, saber priorizar a si mesmo mas sem deixar de se doar e reconhecer o valor do outro e enxergar que o valor está nas coisas simples. Na verdade essas são lições que demoramos a vida toda pra aprendermos de fato, talvez por isso ajamos com infantilidade em diversos momentos. É difícil ser adulto, mas é necessário crescer. E é isso o que busco.
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