O duelo entre Ruth e Raquel

10:10:00


Olá, pessoas.

Estou aqui tirando as teias desse blog para falar de um assunto que vem me incomodando há alguns anos, afinal os bonzinhos só se dão mal ou é lenda?

Sempre fui MUITO boazinha, compreensiva (embora muito ciumenta), sempre ajudei um amigo, já deixei de pensar no que era melhor pra mim pelo que era melhor para outra pessoa, já pisei em cima do meu orgulho para voltar às boas com pessoas que achava que era especiais para mim e não queria perdê-las... Sempre me doei demais em tudo o que me propus, seja na relação interpessoal e na profissional. Agora vou lhes dizer o que acontece quando a gente é muito legal: as pessoas abusam. Mas fiquem tranquilos que eu vou explicar melhor.

Eu tinha um grande amigo que eu amava. A gente se conheceu em 2008, mas só nos vimos pessoalmente no dia 1 de janeiro de 2009. Sempre falamos que todo ano novo era uma "reafirmação" da nossa amizade. Éramos cúmplices, muito próximos, fazíamos quase tudo juntos (até ir ao banheiro e tomar banho, se deixar), confessávamos todos os nossos medos, sucessos e fracassos até ele terminar um namoro de 1 ano e alguns meses. Por eu ter acompanhado esse namoro de perto, também fiquei muito próxima ao Antônio* (sim, meu amigo é gay), e por isso ele pensou que falar mal do ex para mim não era certo e se afastou de mim por um tempo. 

Nesse tempo eu tentei chamá-lo pra sair para que não perdermos o contato, e ele nunca podia. Ele sempre vivia muito ocupado com as noitadas dele com outros amigos para sair e conversar comigo. Foi me deixando de lado e eu achando que era uma simples fase e ia passar. Ligava, mandava mensagens.... E ele nada.

Alguns meses depois ele começou a sair com outra pessoa de quem eu gostava muito, mas não deram certo. Aí ele conheceu o Cláudio* e eles começaram a namorar tão rápido que quando soube os dois estavam completando quase dois meses de namoro. A nossa amizade já tinha ficado balançada depois do término do namoro com o Antônio mas não ao ponto de não nos falarmos mais. O Cláudio ocupava todo o tempo do meu amigo. Todo tempo MESMO, daquele que ele não podia ir tomar sorvete comigo que ele queria ir junto. Sem contar que ele morre de ciúmes de mim - já disse que meu amigo é GAY? Aí meu amigo e eu fomos nos afastando, nos afastando até que chegou o ponto máximo para eu assumir que essa amizade foi uma fase e que não era pra vida inteira. 

No dia do meu aniversário ele não me ligou. Não mandou mensagem no Facebook, nem no Twitter, nem SMS. N-A-D-A. Ele simplesmente esqueceu. E no dia da comemoração do meu aniversário ele não foi porque o Cláudio passou mal e, tadinho, não podia ficar umas duas horas sozinho pois ia morrer de tão mal que ele estava. Pra vocês verem como ele estava em estado terminal, no dia seguinte pela manhã eles saíram pra praia. x)

Outro relato que tenho a dizer é um pouco mais recente. Tinha um amigo que conheci de repente, na época ele namorava uma menina daqui do Rio e ele tinha acabado de se mudar. Nunca trocamos mais que alguns replies e DMs sobre coisas corriqueiras, até que descobrimos nosso gosto pelo teatro e pelo cinema e começamos a sair juntos - como amigos. Que fique bem claro que nunca passou disso. Fomos nos aproximando, ficando mais íntimos e era sempre eu quem chamava no Gtalk ou Facebook (ele não usava muito o MSN), e ele começou a acar que por sermos amigos ele deveria compartilhar comigo momentos íntimos dele com as meninas que ele ficava - quando ele a menina do Rio terminaram o namoro, deu aloka nele e cada semana tinha uma "namorada" diferente. 

O que me incomodava - e eu cansei de repetir isso - era que eu sou mulher, e não amigo de bar ou amigo homem dele. Algumas coisas eram muita informação para mim, como "você não acha que a fulana é a mais gostosa de todas que eu pego?". Por muitas vezes eu disse que isso me aborrecia e ele parecia ignorar, e continuava falando. Eu passei a ignorar quando ele dizia essas coisas e fui um tanto mais feliz assim. Até que ele começou a namorar uma menina que não é do Rio - mesmo agora ele morando por aqui -  e passou a me comparar com ela. "A Thais* é mais bonita que você", "gosto mais da Thais* que de você", e coisas afins. Nota-se que nessa época eu já andava de saco cheio das coisas que ele cansava de falar e eu já estava exausta de dizer que me incomodava e fiquei no piloto automático: tudo que ele falava eu ignorava.

Até que um belo dia ele disse que não podia ir numa social comigo porque a Thais* não ia gostar, como se só fôssemos estar nós dois lá. Disse que era bobagem e que iam ter outras pessoas, e mesmo assim ele insistiu que não ia e eu apenas disse "Tá bem, Guilherme*". E ele interpretou esse "Tá bem" como grosseria, me bloqueou de tudo e outro dia me mandou uma mensagem dizendo "Aprendeu a falar direito comigo?". Confesso que minha vontade foi dizer "Claro. Vai tomar no cu é bem mais direito", mas fiz o que andei fazendo nos últimos tempos: ignorei.

E por que estou dizendo tudo isso: pode-se dizer que demorei mas aprendi muita coisa. A gente vive com medo de ficar sozinho que aceita tanta migalha só pra ter alguém do nosso lado. O que aprendi é que eu valho muito mais do que essas pessoas podem me oferecer, e preciso ao meu lado de pessoas que me façam sentir amada, feliz, e principalmente: EM PAZ. Claro que de vez em quando vão rolar alguns estresses pois ninguém é perfeito, mas como diria Ayrton Senna: "A verdade é que todo mundo vai te machucar, voce só tem que escolher por quem vale a pena sofrer".

Tive minha cota de ser Ruth por um bom tempo, mas como tudo na vida muda  - até a surda-muda - nunca é tarde pra aprender a ser Raquel. Não digo literalmente, de enganar, roubar e trair, mas de dar às pessoas aquilo que você recebe delas e não se doar por inteiro por quem não mereça. Com isso concluo que não precisamos escolher qual das duas personagens pareceria melhor com a gente, mas carregar um pouco das duas. Ruth e Raquel são opostos que se completam. Junte as qualidades das duas e aprenda: não seja bom demais, nem ruim demais. Seja os dois na medida certa.

* Os nomes não são verdadeiros por motivos óbvios.

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1 comentários

  1. Vixe... Eu acho que tem bem mais personagens nessa história, viu?

    Acho que, no final, existem pessoas e pessoas. Eu sou MUITO relapsa em alguns momentos com algumas amigas, mas acho que no fundo, já acostumaram com isso. Fico triste por ser relapsa, mas às vezes isso consegue ser mais forte do que eu.

    Por isso, eu acabo entendendo os dois lados, salvo exceções: Amizade não é grosseria e não é alienação, como nos casos citados.

    Beijocas

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