No dia 15 de outubro é comemorado o dia do mestre. Resolvi tirar esse dia para falar sobre alguns dos mestres que tive na vida, e que são presentes até hoje seja fisicamente, ou em minhas lembranças.
Minhas primeiras memórias começam no jardim de infância, onde tive aula com a professora Márcia Lúcio. O que mais me recordo é que era muito emburrada, brigona e marrenta - juro que não sou mais! - e cheguei a brigar com um menino da minha turma nessa época, além de morder a bochecha de uma colega. A tia Márcia sempre estava por perto... hoje em dia eu penso em quantas dores de cabeça ela deve ter tido por minha causa, mas eu juro que não era de propósito.
No C.A. e na primeira série fui aluna da tia Elaine. Oh, tia Elaine! Dia desses conheci um menino que disse "fui aluno de uma professora bem doidinha na primeira série... Ela vivia tocando pandeiro e pedindo um marido pra Santo Antônio", eu já sabia que era ela. Tia Elaine é uma daquelas professoras mãezonas, sabe?! Querida por todos os seus alunos, sejam os da minha época ou os mais novos, o que importa é que são poucos os professores que temos na infância que lembramos. Tenho sorte de lembrar de muitos momentos com minhas primeiras mestras.
Na oitava série que começou o desespero: fui apresentada a física e química. E a professora não dava mole, não! Ela pegava no pé, passava milhares de exercícios por aula e eu acho que era por ela ser tão exigente que eu me esforçava o triplo pra não decepcioná-la. Meu primeiro contato com uma mestra que era considerada o terror por toda a classe, mas eu admirava demais. Tá aí o recado, Cristina!
Todas essas mestras eu tive no colégio onde cursei até a oitava série. No segundo grau (ainda se chama assim?!) eu mudei de escola, fiz amigos pra vida inteira e conheci professores que me marcaram. Seja o Marotta com sua corridinha e seus bailes da química orgânica, ou o Luis Sérgio e seu curso técnico de turismo que me fazia ir feliz às 7:30h todo sábado pra Cascadura, ou pelo meu saudoso Delmo. Ah, o Delmo!
Quem me conheceu nessa época sabe muito bem quem é o Delmo. Acho que tenho algum problema muito pessoal de amor com professores de matérias que eu não gosto. O Delmo era professor de física e dessa vez todos os alunos o amavam. Não tinha como ser o contrário! O Delmo era alegre, divertido, suas aulas voavam (mesmo sendo física e eu sem entender nada), e todo mundo ia pra escola às quartas-feiras sem reclamar porque tinha aula dele.
Até hoje lembro do dia em que ele trouxe as nossas provas em dois bolinhos presos por elástico. Ele os tirou e deu um pra mim, e um pra minha amiga e eu guardo aquele elástico até hoje. O Delmo era o professor mais querido da escola, em especial por mim e todos os outros alunos e professores sabiam disso. No terceiro ano ele não pôde mais dar aulas devido a um problema de coração. Ele vivia indo pra hospitais pra se tratar e não dava mais pra lecionar.
Então no final do ano, eu fiz uma placa de homenagem ao mestre com uma mensagem que eu mesma escrevi, achei o filho dele no Orkut e combinei de ir a casa deles entregar. Foi a última vez que vi o Delmo - e isso me emociona de uma forma... Pouco tempo depois ele faleceu. Um amigo me ligou pra me contar e eu fiquei desesperada. Como assim o meu herói tinha morrido???? Isso não fazia sentido na minha cabeça.. até eu entender que tinha sido o melhor pra ele levou um tempo. Eu sei que o Delmo sabe que era amado por todos os seus alunos, e que onde quer que ele esteja verá que é sempre lembrado por nós.
Depois da escola veio a faculdade. Nunca tive tanto professor na minha vida! Quatro anos, mil matérias, mil professores... mas três em especial levarei sempre no coração. O Tony Queiroga de quem eu sentia uma certa raiva na primeira matéria que tive com ele (fotografia) por achá-lo muito exigente e por sempre perguntar as coisas pra mim. Depois que tive minha segunda disciplina com ele (fotografia publicitária) vi que ele não era tão mau assim, e passei a gostar mais dele. Porém quando ele mudou a minha vida com a aula de introdução ao audiovisual (aprendi o nome, professor!) é que eu vi o quanto sua sabedoria era importante pra minha formação. Se hoje eu sou tão apegada ao cinema a culpa é toda dele.
E como não amar Vera Zunino? Ela tem um jeitinho tão meigo que conquista todo mundo, mas eu que sei o quanto ela pode pegar no pé se você se enrolar com a monografia. Professora dedicada, que faz o que pode para que seus alunos aprendam mais. Sempre gostei dos trabalhos que ela passava para apresentarmos. Devo confessar que eu gosto do nervosismo de ir até a frente da turma e mostrar pra todo mundo que eu domino o tema, que estudei o suficiente pra isso. E a Vera proporcionava isso em todas as disciplinas que estudei com ela.
Também tem outro culpado pela minha escolha profissional. Já no quinto período - se não me engano - tive minha primeira aula de marketing digital, por mais que eu tivesse alguma experiência na área foi nessa aula que aprendi temas mais aprofundados e criei um blog de entretenimento. Depois que descobri que falar sobre entretenimento e cultura me fazia tão bem, resolvi culpar o Renato Giannini por eu ter determinado a mim mesma que era nesse área que eu quero trabalhar. Na minha formatura fiz questão de homenageá-lo, pois pra mim o Renato é mais que um ótimo professor, é um grande amigo.
Espero que vocês possam ter em suas lembranças mestres tão memoráveis quanto eu tenho. Professores ensinam muito mais do que está dentro de uma sala de aula, eles te mostram as escolhas que você pode tomar na vida e eu aprendi muito com cada um deles, até com os que não mencionei.
A você, professor, um feliz dia do mestre. Obrigada.
- 20:47:00
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